A azoospermia é a ausência de espermatozoides no ejaculado. Na maioria das vezes, o homem é diagnosticado com azoospermia quando está tentando engravidar a parceira sem sucesso, e inicia a investigação com o exame de espermograma.
O laudo de azoospermia quase sempre vem acompanhado de um choque: será que nunca poderei ter filhos? Muitas vezes o casal passa com um médico não especialista que confirma – “você nunca será capaz de engravidar sua esposa”. Esse post vem para desmistificar alguns conceitos errados sobre a azoospermia!
1 – A azoospermia nem sempre é sempre causada por queda da produção de espermatozoides
Na maioria das vezes, podemos dividir a azoospermia em 2 grandes grupos: causas não obstrutivas (queda da produção) e causas obstrutivas. Isso significa que parte dos pacientes azoospermicos tem produção de espermatozoides normal, mas eles são azoospérmicos pois há uma obstrução que impede a saída de espermatozoides.
2 – Alguns casos de azoospermia podem ser tratados sem a necessidade de reprodução assistida
Após avaliação pelo médico especialista em infertilidade masculina, é possível detectar casos de azoospermia que tem causa reversível. Ou seja, alguns pacientes podem ser tratados clinicamente (com medicamentos), ou cirurgicamente, com possibilidade de retorno de espermatozoides ao ejaculado e de gestação natural.
3 – Certas medicações ou tratamentos médicos podem causar azoospermia
Medicações como os esteroides anabolizantes e quimioterápicos são capazes de causar azoospermia. Mesmo a reposição de testosterona em doses não elevadas, cada vez mais usada hoje na prática clínica, pode levar à azoospermia. Na maioria das vezes o quadro é transitório e pode ser tratado com medicamentos. E sim, a tão propagandeada testosterona bioidêntica também pode causar azoospermia!
4 – Muitos pacientes com diagnóstico de azoospermia não são verdadeiros azoospérmicos
O espermograma no paciente com baixa concentração de espermatozoides é difícil de ser realizado e muitas vezes pode ser alvo de erro laboratorial. Eu, como especialista em infertilidade masculina, sempre repito o exame em laboratório de confiança para confirmar a azoospermia. Na minha experiência, até 20% dos pacientes que chegam no consultório com diagnóstico de azoospermia tem raríssimos espermatozoides no ejaculado, que podem ser congelados e utilizados em tratamentos de reprodução assistida com alta taxa de sucesso para gestação.
5 – Em boa parte dos casos, a microcirurgia pode ajudar no tratamento das azoospermias
Quando não há possibilidade de retorno de espermatozoides ao ejaculado, a microcirurgia é a aliada do especialista em reprodução assistida. Com a microcirurgia conseguimos encontrar espermatozoides em até 50% dos pacientes azoospérmicos de causa não obstrutiva, e esse valor pode chegar a mais de 90% nos pacientes com azoospermia obstrutiva.
A avaliação do paciente azoospermico por médico especialista em infertilidade é indispensável. A azoospermia é uma doença de diagnóstico complexo, e o andrologista especialista é o profissional mais adequado para o diagnóstico da causa e para orientar a melhor forma de tratamento.